quinta-feira, julho 06, 2006

Ramallah

Não me costumo lembrar dos muitos sonhos que me preenchem as noites de sono, sempre muito profundo e sossegado (pelos vistos, segundo as más línguas, às vezes profundo e sonoro demais), mas este tem me vindo a beliscar durante todo o dia.
Não sei como cheguei lá, mas estava à distância de uma viagem de carro de Jerusálem.
Aluguei um carro, acho que não era eu quem conduzia (nem em sonhos me livro deste handicap) e quando dei por mim, lembro-me do entusiasmo da chegada a "Jerusalém" (igual ao que senti, na realidade, ao chegar a Sarajevo, esta também uma "jerusalém" da Europa), e mal dei por mim estava, literalmente, em cima do muro das lamentações e ao lado de dezenas de judeus ortodoxos a cambalear contra as pedras da outrora sinagoga (perdoem-me os fundamentalistas que possam por aqui aparecer). Entrei na cidade santa, depois de ter sido revistada por um guarda israelita, e comecei a subir as ruas estreitas que levam à Igreja do Santo Sepulcro, pensei que de facto parecia irreal estar ali, no centro nevrálgico do mundo, no epicentro do choque civilizacional.
A seguir perguntei como é que poderia chegar a Ramallah.
Não me lembro se cheguei à Palestina, talvez tenha ficado retida num "Check Point" ou talvez tenha batido, atordoada, contra o Muro, não das lamentações, mas da Vergonha que não deixa sonhar mais.

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