segunda-feira, novembro 26, 2007

She's Lost Control


Depois de ver o filme enfiei-me debaixo da cama (é onde guardo os restinhos dos sweet sixteen) e recuperei as cassetes de Joy Division. Já não tenho leitor de cassetes mas apeteceu-me vê-las de novo. São gravadas, não sei de quem, os nomes das músicas escritos a caneta e muito gastas.
Tenho mais ou menos a idade da filha do Ian Curtis, ou seja teria um ano quando ele se suicidou, descobri Joy Division com uns 15 anos de delay.
Agora passados quase outros tantos reencontrei-os.

SILÊNCIO MEUS SENHORES!

No sábado ao fim da tarde estava um frio siberiano nesta cidade.

Estupidamente, e porque o álcool da noite anterior ainda me aquecia o corpo, levei vestida uma espécie de mini-saia; andei com o rabinho a espirrar a noite toda.

Bem, vamos ao que interessa! Fui pela primeira vez aos fados ali na tasca ao pé do Palácio. Confesso que não ia preparada para tanta emoção. Num espaço pequeno a cheirar a fumo e a petiscos acotovelam-se os habitués e a “juventude”. Sente-se imediatamente que passamos a pertencer àquela família, nem que seja por duas horas.

As senhoras, e um dos senhores (Tony qualquer coisa) vindos do cabeleireiro com os penteados armados à força de muita laca e com a roupinha de domingo a cheirar, provavelmente, a um perfume baratucho da loja dos chineses.

Observo, não me recordo de ter estado mergulhada num sítio tão real como aquele. Um senhor, que permaneceu sentado ao balcão o tempo todo, com rugas cravadas a cinzel, chora copiosamente ao ouvir um fado que falava de “família” e do “natal”, no final levantou-se e gritou a chorar: LINDO!! Um misto de arrepio e gargalhada prendem-se por pudor na garganta.

O fado que segue mais abaixo foi dos momentos altos da noite, talvez por gerar tantas afinidades … a Berta “Ahhhh Leoa!!!” levou a sala ao rubro.

O “Pensador” com o seu queixo proeminente e os poemas vindos das entranhas deixava a plateia estarrecida e a indagar-se …missão socrática para com a juventude.

Nos intervalos um homem com cara de quem já fez umas visitas ao Conde Ferreira e que teimava em salpicar a pobre Martinha que lhe calhou à frente, sacava do seu bandolim e era uma alegria, toda a gente cantava o Alecrim, Alecrim aos Molhos e mais uns hits da música popular portuguesa.

No final toda a gente se despede com beijinhos e abraços e então: Até para a semana.

A Felisberta Desgraçada!

Não Passes Com Ela À Minha Rua


Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato;
Vi-te passar com ela à minha rua
Abracei-me a chorar ao teu retrato
Vi-te passar com ela à minha rua
Abracei-me a chorar ao teu retrato

Podia insultar-te quando te vi
Ferida neste amor supremo e farto
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto

Casaste! sê feliz, deus te proteja
Não te desejo mal, e tanto assim
Que não tenho ciúmes nem inveja
Como a tua mulher teve de mim
Que não tenho ciúmes nem inveja
Como a tua mulher teve de mim

Mas olha, meu amor, eu não me importa,
Antes que fosses dela eu já fui tua
Podes sempre bater à minha
Porta
Mas não passes com ela à minha rua
Podes sempre bater à minha
Porta
Mas não passes com ela à minha rua

sexta-feira, novembro 23, 2007

Graça

Meia de leite.
Copo de água.
Um livro ou um jornal.
Música talvez ...
Óculos de sol.
Pés descalços.
Sombra.

Lisboa à minha volta e por baixo de mim.

Durante estes anos em que intermitentemente ando por Lisboa tenho passado muitas horas na Esplanada da Graça e atrevo-me a dizer que é o meu lugar preferido de Lisboa.
É o canto que me lembra a Pika, essa Pika que está tão longe da Graça agora ...
Lá descobri um amor que parecia tão improvável quanto efémero.
Quem diria que lá iria regressar?!

Há dias em que me estico ao sol e sinto-o a entrar-me no pêlo.

domingo, novembro 04, 2007

Life on Mars

Quando as coisas do coração
Não conseguem compreender
O que mente não faz questão
E nem tem forças pra obedecer
Quantos sonhos já destruí
E deixei escapar das mãos
Se o futuro assim permitir
Não pretendo viver em vão

Meu amor não estamos sós
Tem um mundo a esperar por nós
No infinito do céu azul
Pode ter vida em Marte

Então, vem cá me dá a sua língua
Então vem, eu quero abraçar você
Seu poder vem do sol
Minha medida
Então vem, vamos viver a vida
Então vem, senão eu vou perder quem sou
Vou querer me mudar para uma life on mars

Quando as coisas do coração
Não conseguem compreender
O que a mente não faz questão
Nem tem forças pra obedecer
Quantos sonhos já destruí
E deixei escapar das mãos
Se o futuro assim permitir
Não pretendo viver em vão

Meu amor, não estamos sós
Tem um mundo a esperar por nós
No infinito do céu azul
Pode ter vida em Marte

Então, vem cá me dá a sua língua
Então vem, senão eu vou perder quem sou
Seu poder vem do sol
Minha medida
Então vem, vamos viver a vida
Meu bem, senão eu vou perder quem sou
Vou querer me mudar para uma life on mars


David Bowie adaptado por Seu Jorge.
Sentida na pele na sexta à noite em Estarreja.